"Foram as oito voltas mais difíceis da minha vida! Lembrei-me de todas as vezes que me imaginei num F1 e de quantas vezes recortei fotos de Jim Clark e sua Lotus." - Emerson Fittipaldi comentando sua primeira vitória na Fórmula-1.
O ano era 1970, mais precisamente no dia 04 de outubro. O personagem atendia pelo pseudônimo de Rato. O local foi o Circuito de Watkins Glen no Estado americano de New York. Naquela tarde começava a ser escrita a página mais importante da História do Automobilismo Brasileiro na F1.
Emerson Fittipaldi havia estreado em Brands Hatch na Inglaterra em um ultrapassado Lotus 49C/Ford que mal tinha velocidade para lhe permitir alinhar na última fila de um Grid que contava com nomes como Hill, Stewart, Hulme e John Surtess.
Apenas quatro provas após sua estréia, o ainda Rato, já alcançava a primeira vitória na F1 e consequentemente brindava o Brasil também com a primeira conquista na Categoria mais importante do automobilismo Mundial.
"Foram as oito voltas mais difíceis da minha vida! Lembrei-me de todas as vezes que me imaginei num F1 e de quantas vezes recortei fotos de Jim Clark e sua Lotus. E, era eu ali, prestes a receber a bandeirada quadriculada!” (Emerson Fitipaldi sobre sua primeira vitória na F1).
Colin Chapman. Esse é o nome do personagem que propiciou aos Brasileiros a emoção de ver um compatriota vencer pela primeira vez um GP de F-1.
Após a morte de Jochen Rindt, que era o Piloto número um da equipe Lotus e liderava aquele ano com larga vantagem, Chapman precisava, em pleno curso da temporada, contratar um substituto para conduzir o Lotus 72 pelo restante do Campeonato.
Deixando boquiaberto o Mundo Chapman deu a Emerson - na ocaisão um novato com apenas três provas no currículo - a oportunidade de sua vida. Conlin, dirigente de faro apurado mais uma vez acertava em cheio.
O promovido Emerson não só fez bonito como deu show! Venceu o GP dos Estados Unidos, Levou a Lotus ao título de construtores e garantiu ao colega Rindt o título póstumo de Campeão Mundial de F1 da temporada de 1970.
O agora Fitty Fabulous se tornava notícia Planeta a fora! O Brasileiro mais veloz do mundo, diz o título da matéria de um Jornal de época.
Depois disso em apenas cinco temporadas o Brasileiro que ficou conhecido como “Fitty Fabulous”, alcançaria dois Títulos Mundiais e dois Vice-Campeonatos. Em toda sua trajetória na Fómula-1 Emerson disputou: 144 largadas, alcançando 14 vitórias, 6 Pole Positons, 6 voltas mais rápidas, 35 Pódios e 281 pontos. O primeiro título de Campeão Mundial foi conquistado em 1972 pela Lotus e o segundo em 1974 pela McLaren, em meio a tudo isso ainda foi duas vezes Vice-Campeão, nos anos de 1973 e 1975. Isso é que é precursor.
Em 1976 contrariando a lógica, como sempre gostou de fazer, Emerson recusou convite das maiores equipes de F1 da época e tentou a sorte em uma equipe própria ao lado do irmão Wilsinho Fittipaldi. Com a Copersucar Emerson conseguiu resultados inexpressivos, tendo alguns bons momentos como o segundo lugar no GP do Brasil de 1978 e uma terceira colocação algum tempo depois no GP dos Estados Unidos.
Os especialistas em F1 acreditam que se não fosse essa atitude - a qual nunca é demais lembrar, sempre recebeu duras críticas - o Rato certamente teria conquistado mais alguns títulos na Categoria Máxima do Automobilismo Mundial.
E pensar que tudo poderia ter sido diferente se não fosse uma vassourada que Dona Juzi, na cozinha de sua casa, desferiu no assustado Rato.
A famosa vassourada se deu em razão de Dona Juzi, mãe de Emerson, ter tomado verdadeira aversão a corridas de Motos depois que Wilson, seu marido, sofreu grave acidente e ficou meses internado por causa de uma fratura no crânio.
Emerson inspirado pelas atuações do Pai investia forte na modalidade, só que sua Mãe, principalmente após o acidente do marido, proibiu o filho de competir na Categoria.
Certo dia porém, a mamãe sempre atenta e muito rígida, descobriu que o imperativo Emerson estava competindo escondido e aí não deu outra, ali mesmo na cozinha de casa deu-lhe uma bela vassourada, interrompendo assim sua carreira no motociclismo e obrigando o garoto de 17 anos, à época ainda chamado de Rato, a migrar para outras praias, ou melhor, para outras pistas, onde um dia receberia o pseudônimo de Fttty Fabulous.
Na foto ao lado vemos Emerson em 1963 na pista de Interlagos. Aos 17 anos o Rato era o grande “Bicho Papão” da Moto-velocidade brasileira.
Assim como Chapman Dona Juzi estava certíssima, afinal de contas "venhamos e convenhamos", melhor ser Chamado de Fitty Fabulous do que de Rato né?
Valeu Dona Juzi! O Brasil agradece a vassourada!